O grande destaque desse Jogos Olímpicos, em Paris, da delegação brasileira, foi o desempenho das mulheres, que pela primeira vez conquistaram mais medalhas que os homens. E mulheres negras no destaque. Durante todo o ciclo olímpico, os resultados já indicavam essa tendência. Das 20 medalhas, 12 foram obtidas por mulheres, sete por homens e uma foi mista, na competição de judô por equipes.
Os Jogos Olímpicos de Paris de 2024 marcam um ponto de inflexão histórico para o Brasil. Pela primeira vez na história olímpica, o país encerra a competição com apenas medalhas de ouro conquistadas por mulheres. Este feito não apenas destaca a predominância feminina na atual delegação, mas também sublinha a transformação no cenário esportivo nacional.
Rebeca Andrade e atletas dos EUA: a soberania das mulheres negras
A delegação brasileira em Paris foi a primeira na história a ter uma maioria de mulheres: 55% dos
276 atletas eram do sexo feminino. Esta mudança não é apenas um reflexo da crescente presença das mulheres no esporte, mas também uma vitória para o programa Bolsa Atleta, criado pela ex-presidente Dilma Rousseff. O programa, que enfrenta desafios e críticas desde o golpe de Estado de 2016, tem sido crucial para apoiar atletas de origens humildes, permitindo-lhes competir em alto nível e alcançar êxitos notáveis.
Papel importante das Forças Armadas nos esportes
Dos 277 atletas brasileiros que representaram o país nas Olimpíadas de Paris, 98 são militares (cerca de 35%). De acordo com dados do Ministério da Defesa, eles competiram em 21 modalidades. São 55 mulheres e 43 homens. Estão divididos da seguinte forma: Marinha – 3 atletas; Exército – 31 atletas; Aeronáutica – 24 atletas.
Talento excepcional
Dentre as conquistas femininas, o destaque para Beatriz Souza no judô é particularmente emblemático. A vitória da judoca não apenas evidenciou seu talento excepcional, mas também serviu como um poderoso símbolo de superação e resiliência. Beatriz, que veio de uma origem humilde e recebeu apoio através do Bolsa Atleta, exemplifica como o investimento em atletas de base pode resultar em grandes realizações. Sua performance no judô demonstra a importância de proporcionar oportunidades para jovens com potencial, mas com recursos limitados.
É o mesmo caso da recordista brasileira em medalhas olímpicas, a ginasta Rebeca Andrade, uma de oito irmãos, filha de mãe solteira, faxineira. Além do apoio direto aos atletas, é crucial reconhecer a relevância da participação estatal na integração da educação física e esportiva como parte fundamental da formação educacional. Investir na educação física nas escolas e em programas esportivos de base não apenas contribui para a formação integral dos cidadãos, mas também cria uma base sólida para o desenvolvimento de futuros atletas. O suporte a programas que aliam a educação ao esporte é essencial para preparar os jovens para a vida, além de potencializar o desempenho de atletas em ascensão.
Este desempenho das mulheres também reflete uma possível nova era para o Brasil. A predominância feminina nas medalhas de ouro e a maior participação de mulheres na delegação evidenciam uma mudança positiva em direção a uma sociedade mais inclusiva e equitativa. A excelência e o sucesso das atletas brasileiras, com destaque para Beatriz Souza, podem servir como um modelo para uma sociedade mais bem-sucedida, caracterizada pela inclusão de mulheres e negros e pela redução das desigualdades. O Brasil possui um vasto potencial humano que muitas vezes é subaproveitado devido à falta de oportunidades. Investir em políticas que promovam a inclusão e a igualdade é essencial para maximizar esse potencial.
O exemplo de Beatriz Souza, superando adversidades e quebrando barreiras, deve inspirar uma reflexão sobre a importância de criar um ambiente mais justo e igualitário. A história olímpica do Brasil, com suas vitórias e desafios, agora se enriquece com um novo capítulo de realizações femininas, apontando para um futuro onde a diversidade e a inclusão se tornam os pilares de uma sociedade mais bem-sucedida e coesa.
Fonte: brasil 247, DCM, Ministério da Defesa
Fotos Agência Brasil