Há um texto teatral paraibano ainda inédito nos nossos palcos: “A Paixão de Américo”, de autoria de José Mota Victor, escrito em 1979, quando Mota estudava Engenharia Civil na UFPB e escrevia para teatro; não só escrevia, também encenava.
Incrível como esse texto sobre José Américo de Almeida, um dos mais notáveis intelectuais e político da Paraíba jamais tenha subido ao palco, nem como leitura dramática.
Engenheiro e romancista, Zé Mota, hoje membro do Instituto Histórico e Geográfico, presenteou o teatro paraibano com um livreto – um Folhetim antecede o texto dramatúrgico – dissecando a personagem que tanto influenciou a política paraibana e ainda segue sendo incensada por políticos e intelectuais na atualidade.
Se, o escritor pombalense Tarcísio Pereira mergulhou fundo na vida do presidente João Pessoa com a peça “De João Para João” e com o romance-reportagem “A Farra do Meu Cadáver” (o autor promete um terceiro livro); duas poderosas narrativas, o escritor patoense José Mota fez o mesmo nos anos 1970 com o incensado José Américo.
A Revolta de Princesa, a candidatura de Zé Américo a vice-presidente, a Revolução de 30, sua poderosa literatura e devastadora atuação política, nada escapou ao terceiro olho de Zé Mota que desnuda a personagem, reflete a Paraíba dos anos 1930; os bastidores da política, as conspirações, golpes baixos; a vida e a política que se movia e que no presente ainda se move em torno de Zé Américo, mesmo falecido há 45 anos.
Não bastasse, Zé Mota é dono da maior Biblioteca Armorial sobre Chico Buarque, segundo o historiador Waldir Porfírio. Atualmente, Mota faz pesquisa sobre “O Cangaceiro Negro” (Negro Heleno), na região de Mãe D´Água.
Historiador Zé Mota(D) faz pesquisa de campo sobre cangaço
“A Paixão de Américo” também é um roteiro cinematográfico, daria um curta-metragem poderoso e tudo começa (a peça) com o diretor do filme, o câmera e o maquiador no proscênio num set de filmagem. Aí o dinheiro para produzir o filme acaba e a trupe busca ajuda financeira na Secretaria de Educação do estado.
O resto vocês podem imaginar o que acontece quando os intelectuais agregados ao estado conhecem o roteiro de tudo.
Frases indigestas
“O golpe do Estado Novo cortou sua ambição e por isso jamais perdoou Getúlio” ( Marcus Odilon Ribeiro) .
Revelações de um Bode; “Perdoa-lhe, Senhor, pois não sabe o que escreve’ ( Gustavo Barroso).
O Bagaço da Bagaceira: “Quando, nesse livro, o Sr. José Américo se mete a pensar, saem cousas que dão frouxos de risos, outras que comprovam a sua falta de tino e bom senso”. ( Gustavo Barroso).
“O Nordeste é uma vítima que só deixará de o ser no dia em que José Américo for presidente da República (Monteiro Lobato).
Capa: Cézar Mota, Ilustrações: Cezar.
Composição e impressão: GGS Grande Gráfica e Serviços LTDA.
foto cedida pelo historiador Waldir Porfírio