Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

A história dos Correios em Pombal remonta a 15 de julho de 1829, com a criação de uma agência do Correio Público, regulamentada pela Diretoria Geral dos Correios do Império. Contudo, o marco arquitetônico que hoje abriga a agência surgiu no contexto das políticas públicas da década de 1930.

Pelo Decreto nº 20.859, de 26 de dezembro de 1931, o Ministério da Viação e Obras Públicas — sob a liderança do ministro José Américo de Almeida e do chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas — fundiu a Diretoria Geral dos Correios com a Repartição Geral dos Telégrafos, criando o Departamento de Correios e Telégrafos. Esse período, em que o pombalense Ruy Carneiro atuava como oficial de gabinete do ministério, foi marcado por investimentos significativos em obras públicas na Paraíba, financiados por verbas contra os efeitos da grande seca no Nordeste.

Dentre as agências postais erguidas nesse esforço — em cidades como Areia, Patos, Sousa e Teixeira —, destaca-se a de Pombal. Sua construção iniciou-se em 1932, seguindo um projeto padronizado que popularizou a tipologia da arquitetura postal brasileira pelo país. O edifício exibe linhas inspiradas no estilo Art Déco e, originalmente, incluía uma área residencial no pavimento superior para o gerente — prática comum à época.

Setenta e sete anos após sua inauguração, o prédio, integrante do centro histórico da cidade e tombado por decreto governamental em 2001, passou por ampla reforma e restauração. Executada com rigor para preservar as características originais, a obra melhorou as condições de trabalho, especialmente para os carteiros, cujos espaços haviam se tornado inadequados pelo crescimento urbano. A intervenção integrou um programa nacional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) para modernizar e padronizar unidades em todo o país, com ênfase em ergonomia e infraestrutura, previsto até 201

Antigos funcionários da agência, em Pombal

Apesar da modernização, a agência de Pombal preserva parte do mobiliário antigo, à espera da conclusão do processo licitatório para substituição por móveis e equipamentos ergonômicos sob medida.

A memória afetiva do serviço postal na cidade ganha vida na figura do carteiro Ribinha (José Ribamar Veríssimo), que, de 2 de agosto de 1952 a 29 de fevereiro de 1984, percorreu Pombal em sua bicicleta, dominando as ruas com destreza e conhecendo os moradores de “cô e salteado”. Naquela era, as correspondências eram entregues não só nos endereços, mas em qualquer lugar onde o destinatário fosse encontrado, evocando um tempo de relações pessoais e familiaridade que moldavam o cotidiano local.

A Agência dos Correios de Pombal perdura, assim, como símbolo duradouro: patrimônio histórico tombado, peça icônica da arquitetura postal brasileira e repositório vivo da memória coletiva da comunidade.

# Jerdivan Nóbrega é escritor e historiador

 

 

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