A Guerra de Canudos (1896/97) ainda é um capítulo aberto na narrativa sobre o Brasil e sua composição social, religiosidade, formação militar do Exército, cultura e identidade nacional, apesar de livros importantes em torno do conflito, como ‘Os Sertões”(1902), de Euclides da Cunha, relatos de guerra de Dantas Barreto, “A guerra Total de Canudos”, de Frederico Pernambucano de Mello, já em 3ª edição e, presentemente, “Canudos ou Belo Monte – Um Outro olhar”, de José Augusto Moita.

Canudos é um mosaico com recortes de fatos que envergonham as elites brasileiras no início vergonhoso da República e seu exército; e retrata a resistência do povo nordestino em torno do seu líder, Antônio Vicente Mendes Maciel, ou gigantescamente Antônio conselheiro.

O Cinema e o teatro brasileiros seguem em dívida com a nossa cultura pois ainda não contaram, apesar dos esforços de cineastas e dramaturgos, de maneira desmistificada, a grandiosidade do foi o Arraial do Belo Monte e sua importância para a História.

O escritor José Augusto Moita, em menos de 300 páginas do seu livro “Canudos ou Belo Monte”, buscou e conseguiu entregar de fato aos leitores “um novo olhar” e perspectiva de personagens importante de Canudos, mas que jamais foram biografados, apesar do protagonismo histórico de cada um.

Como se detalhasse os perfis de homens e mulheres reais em um roteiro o autor nos brinda com identificação e funções dos heróis que travaram uma guerra desproporcional em defesa de uma causa lhes parecia justa.

Nomes como  general Artur Oscar, coronel Moreira César, Dantas Barreto,  Euclides da Cunha – o escritor, dão uma dimensão do que era ou ainda é o Exército. Mas e aqueles que combateram e tombaram na defesa de Canudos?

Um excelente livro sobre Canudos 

A partir de uma relação feita por Edmundo Muniz, e que consta no Livro “Canudos ou Belo Monte”,  é possível imaginar o exército do Conselheiro.

Antônio Vicente Maciel – O Conselheiro.

Pedro Serafim – Aquele que foi uma espécie de emissário e relações públicas do Arraial de belo Monte.

João Abade – O alcaide, o administrador de rua e do povo.

João Brandão – Da mesma geração e amigo íntimo de longas datas do Conselheiro.

Antônio Beato, ou Beatinho – Atilado chefe do serviço de informação e substituto eventual na missão de pregar o Evangelho pela ótica dos cristãos sertanejos bombardeados por uma Igreja Católica europeia, também bizarra e rituais em latim.

Leão da Silva – Secretário geral do Conselheiro.

João Félix – O taramela ou Carmelengo, chaveiro dos aposentos do Patriarca e Conselheiro.

Timóteo – Sineiro.

Manoel Quadrado – O curandeiro, o paramédico, o único para uma população de 25 mil moradores no Arraial.

Pajeú – Comandante da Guerrilha, estrategista militar.

Antônio Calixto – Comandante da Guarda Católica, milícia com papel de polícia.

Antônio Vila Nova e Horácio Vila Nova – Intendência, responsáveis pelo paiol, encarregados da logística.

Macambira (Pai e filho) – Destacados combatentes.

Quinquim Coiam – Comandante de guerrilha que derrotou as tropas de Pires Ferreira.

Antônio Fogueteiro – Da Comissão de Alistamento de novos combatentes.

Chico Ema – Diretor de espionagem, chefe do serviço secreto do Arraial.

João Grande – Controle de estradas.

Chiquinho – Irmão de João da Mota, líderes de grupos combatentes, controle e vigilância das estradas de Uauá e Corobó.

Joaquim Tranca-Pés –  Chefe guerrilheiro de Angicos.

Pedrão – Líder de tropa composta de 30 homens que protegiam as vertentes da Canabrava.

Major Siriema –  Estrategista e combatente de destaque.

José Venâncio – Maquiavélico e desconfiado.

Nicolau Mongaba, Vicentão, Deocleciano de Macedo, Cipriano, João Tetê, Manuel Ciríaco (sobreviveu aos combates), André Gibóia, Senhorinho, José Bispo, Fabrício de Cocorobó, Ciro, Borges, Raimundo Boca-Torta e José Camo, todos destacados combatentes da linha de frente e emboscadas.

Tiago – O espião competente. Aparecia sempre com informações atualizadas sobre a movimentação das tropas do Exército Brasileiro.

Lalau – Lugar-tenente de Pajaú.

Barnabé José de Carvalho – Alfabetizado, tipo europeu, do estado-maior e substituto de Pajeú. Presente  na rendição em companhia de Beatinho, em 2 de outubro.

As mulheres na linha de frente

Santinha – Comandante do corpo de resgate dos feridos em combate.

Maria Francisca de Vasconcelos e Marta Figueira – Professores em tempo de paz, enfermeiras durante a guerra.

Maria Rita – A Virgem da caatinga, sobrinha de macambira, bela e exímia franco-atiradora.

Josefa – Capturada, não se acovardou diante do coronel Artur Oscar, foi degolada.

A maioria desses nomes não consta em destaque nos relatos militares ou em livros de História ou reportagens tendenciosas do jornal O Estado de São Paulo, que cobriu a guerra, mas presentes em relatos orais dos que sobreviveram à matança de civis promovida pelo Exército.

 

Fonte: “Canudos ou Belo Monte – Um Outro Olhar”, de José Augusto Moita

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