Conheci Jacinto Moreno codinome artístico JacK Monero, em Mossoró, lá pelos idos de 1981/82, por intermédio de um intercâmbio cultural entre a UFPB e a Universidade Regional do Rio Grande do Norte, campus de Mossoró, quando fui ministrar uma oficina de teatro num enorme circo armado para o evento.

 

Parte do elenco do filme “A Viagem” no set de filmagem, em João Pessoa

 

Na verdade foi apenas um contato inicial com Jack, que não retive na memória, o que só veio a acontecer em Belo Horizonte, num encontro nacional de teatro amador. Lá estava eu como delegado da Federação Paraibana de Teatro Amador( FPTA) e, de repente, convivi com o Jack Monero, em oficinas realizadas espaços do Estádio O Mineirão.

 

O tempo não para, dizia Cazuza. Certa feita, durante uma oficina daquelas promovidas pela extensão cultural do Núcleo de Teatro Universitário da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da UFPB, setor em que trabalhei por mais de 30 anos até obter minha aposentaria como servidor público, em 2019, reencontro Jack Monero.

 

Jack Monero: trajetória de teatro e cinema a partir de Mossoró. Iniciativas pioneiras.

 

Mais: Monero informava que havia passado num concurso público para a prefeitura de Santa Rita. E lá, na terra dos canaviais, estava movimentando o setor cultural, exatamente buscando encenar seus textos.

De novo, a parceria entre a Pró-reitoria Comunitária da UFPB e a Secretaria de Cultura de Santa Rita, me empurrou pra ministrar oficina de teatro naquela cidade.

Aí sim, dividi com Jack Monero a condução da oficina. Acho que isso aconteceu lá no final dos anos 1990. Muitos jovens, habilidades distintas. E tal oficina foi concluída com dois espetáculos: Um destinado ao público adulto e outro para o infantil. Jack Conduziu a peça infantil.

 

Elenco de Palhaços, de Marcos P. Pequeno, peça infantil dirigida por Jack Monero, 1982, em Santa Rita

 

As peças foram encenadas no teatro improvisado da cidade – que não existe mais -, a céu aberto. Levamos os espetáculos para os campi da UFPB de Areia e Bananeiras. Encenamos no Alto das Populares também porque a peça infantil tinha um viés de Teatro da Rua por conta das cenas lúdicas de interação com as crianças.

 

Jack Monero continuou em Santa Rita fazendo teatro. Como fruto dessas oficinas, Jack montou um novo espetáculo, que a Pró-Reitoria enviou para uma Mostra na USP; lá veio o reconhecimento do trabalho de Jacinto.

 

Peça dirigida por Jack Monero com atores do municípío de Santa Rita

 

Depois segui a carreira de Jack Monero pelos jornais (fui editor de Cidades do Correio da Paraíba por 12 anos) e, recorrentemente, Jack desembarcava na Redação para divulgar um novo trabalho.

 

” Lá em Santa Rita depois eu montei ESPANTA GATO de Luiz Maranhão Filho, Pernambucano – resultado de uma oficina que eu ministrei no ano de 20O1 e 2002 – está peça foi gravada em vhs sem eu saber e depois consegui a fita. Um dia passando no Lima Penante eu vi um comunicado sobre o festival em São Paulo, na USP… sem muita pretensão, fiz a inscrição. De imediato ligaram dizendo que a peça foi escolhida pra festival… a UFPB liberou transportes e fomos. Corria o ano da graça de 2003″, relembra Jack..

 

Toda esse lero-lero, para chegar ao ponto. Cinema:

 

Jacinto recebeu forte influência da leitura de livros de bolso (era uma febre nos anos 70 e 80) publicados por um autor chamado Macial Lafuente Stefâna, basicamente roteiros para filmes faroestes. Acredito que essa forte influência causada pelos roteiros de Stefânia levou Jacinto a adotar o nome artístico de Jack Monero e também o levou ao cinema.

 

Ele escreve seus roteiros, dirige seus filmes, replica tudo em DVD ( de longe a melhor mídia já inventada), participa de festivais no País e no exterior, especialmente em Portugal.

 

Eis que veio e se instalou a pandemia da Covid-19.

 

Atriz Edilene Pessoa, faz papel de policial no Filme “A Viagem”

 

No meu isolamento, recebo uma ligação de Jack Monero

 

Estou rodando um filme. Interrompi os trabalhos por conta da Pandemia, mas estamos de volta, e gostaria de convidá-lo para fazer um papel no meu filme.

 

– Como assim? Já respondi tentado pela ideia.

 

– É sobre o tráfico, o mundo das drogas, essa coisa que contaminou o país. Estou rodando u filme sobre o assunto e gostaria que você fizesse o papel do “chefão do Tráfico, aqui em João Pessoa”.

 

Elidete Bezerra e João Costa: cena do filme “A Viagem”

 

Confesso que estive num set de cinema duas vezes.

A 1ª em 1969, ainda adolescente, acompanhei de perto as filmagens de algumas cenas de “O Salário da Morte”, de José Bezerra Filho e dirigido por Linduarte Noronha. O filme foi produzido e rodado em Pombal no final dos anos 60. Acreditem!

O pessoal da técnica e atores do filme se hospedaram no Grande Hotel de Pombal, estabelecimento arrendado pelo meu pai. Pombal estava em polvorosa porque estavam fazendo um filme na cidade.

 

Ensaio que antecede cena gravada em João Pessoa do novo filme de Jack Monero

 

De repente, em 1971, ou foi em 1972? Estava eu asilando às 11 da manhã na Cinelândia, Rio de Janeiro, e vejo lá “O Salário da Morte” em cartaz. Entro no cinema para a sessão do meio-dia e assistir ao trabalho de W. J. Solha e Zé Bezerra.

A 2ª vez que circulei num set de cinema foi no último domingo, para gravar a minha participação em “A Viagem”, que está na fase final de filmagem, acho.

 

Making Of de uma cena do filme “A Viagem”: O diretor e seus assistentes

 

Me perdi em meio àquela parafernalha que se exige para fazer cinema.

 

Mas reencontrei a performance Elidete Bezerra, contracenei com jovens atrizes e atores do teatro e cinema paraibanos.

Olha aí o elenco: João Costa, Beatriz Sousa, Paulo Medeiros, Fábio Campos, Felipe Sousa, Edilene Pessoa, Otacílio Lima, Edilete Bezerra, Cida Melo, Barbara Paz, Lucinha Costa, Lucélia Alves, Lúcia Macedo, Mônica Moreira, Osvaldo Travassos, Itamê Junior, Tamara Duarte, Jucy Carvalho, Lucinha Costa e Paula Zimbrunes.

 

Fotografia: Jacinto Moreno, Junior Campos, Horiebir Ribeiro. – Roteiro Original: Marcos Veloso; Direção de artes, figurinos e maquiagem de Elidete Bezerra. Assistentes: Pedro Rafael Moreno e Som de Francisco Filho. Roteiro Adaptado: Jacinto Moreno. Direção: Jacinto Moreno

 

Contracenar em cena aberta e de ação para cinema; uma experiência poderosa

 

Making Of: o cinema paraibano OZ (orçamento Zero) com técnicos e muita dedicação

 

Atento fiquei para o desempenho de iluminadores e câmeras.

 

O bastante para meu ego disparar. E Dizer que já fiz cinema!

 

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