Viver num país em a Nação recorrente amarga processo antropofágico, ora seduzido para abraçar de vez o nazifascismo, ora flertando com uma Democracia possível, em vozes de mau agouro sussurram que tudo pode piorar em qualquer cenário futuro, sempre há um alento quando se frequenta livrarias; na Livraria do Luiz, na Galeria Augusto dos Anjos, em João Pessoa, ainda é possível um sopro de esperança; encontro com escritores e pesquisadores, mais ainda quando em torno de uma mesa de café encontro com pensadores pombalenses.

 

Luizinho Barbosa(D) Na Livraria do Luiz, autografa seu livro sobre o Reisado dos Negros do rosário de Pombal

 

Foi o que aconteceu quando me deparei na mesma mesa do cafezinho com os pesquisadores da nossa cultura Jerdivan Nóbrega e Irani Medeiros ao lado do renomado jornalista Chico Pinto e do folclorista Luiz Barbosa, o Luizinho de Pombal, que surge discretamente com seu novo trabalho “Folclore Pombalense – Reisado”; livro essencial em que o autor dá prosseguimento aos seus estudos sobre a Festa dos Negros do Rosário de Pombal e suas poderosas manifestações culturais.

 

São 290 páginas em que Luizinho perpassa brevemente pela história de Pombal para em seguida mergulhar numa análise descritiva e comparativa do grupo folclórico “Reisado de Pombal” com outras manifestações similares da região e as influências do “Reisado” alagoano.

 

O essencial para a preservação do folclore e da cultura de Pombal

 

Ao seu modo, Luisinho faz o que fez Mário de Andrade, em 1938, quando visitou Pombal com sua Missão de Pesquisa Folclórica.

 

Como compositor e intérprete, Luizinho surpreende com seu livro pelo seu perfeccionismo ao resgatar partituras, coreografias, figurinos, depoimentos de brincantes do Reisado; de escritores, historiadores e jornalistas além de imagens das manifestações e da Festa dos Negros do Rosário de Pombal.

 

Com o livro “Folclore Pombalense: Reisado” Luizinho deixa seu legado e contribuição na transmissão do conhecimento sobre a pujança da cultura de homens negros que foram escravizados, e que ainda nessa infame condição, construíram a economia, a identidade social e a cultura de Pombal.

 

O brincante e folclorista Luiz Barbosa Neto agora integra a constelação de notáveis pombalenses, essenciais para a compreensão da cultura e a história da cidade, como foi nos anos 1960 o professor Wilson Seixas quando registrou a Festa dos Negros do Rosário de Pombal, em 1962; e divide com o historiador Verneck Abrantes, José Tavares, pesquisador do Cangaço, Jerdivan Nóbrega, romancista e memorialista; Tarcísio Pereira, romancista e dramaturgo, a missão de preservar a memória e enriquecer a nossa cultura..

 

João Costa, Jerdivan Nóbrega(C) e Irani Medeiros durante encontro na Livraria do Luiz

 

Ratifico o que escrevi a título de depoimento:

 

“Luizinho é uma espécie de rei mago com seus presentes. Ouro pode ser presente de reis, mas o ouro do povo é sua cultura; povo este recorrentemente precisando de Incenso, que traduz a sua espiritualidade e a Mirra, para embalsamar a arte para a imortalidade de uma cultura tão ameaçada”.

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