A data de 28 de julho de 1938 assinala o fim do cangaço lampiônico, na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe. O ex-cangaceiro Antônio Silvino também morreu num 28 de julho, em Campina Grande. O blog publica a seguir, texto do professor Julierme Wanderley, curador do Borborema Cangaço, e especialista no cangaço de Antônio Silvino, o Refle de Ouro.
O dia 28 de julho de 2025
Por Julierme Wanderley
O próximo dia 28 de julho marca a morte de dois grandes expoentes da história do Nordeste brasileiro. Embora conhecidos por suas ações no contexto do chamado banditismo social nordestino, ambos deixaram marcas profundas na memória do país, representando uma sociedade marcada pela seca, pelo abandono estatal e pelo mandonismo das oligarquias rurais, sedentas de poder político e econômico.
Esses personagens ganharam, nas vozes do povo, títulos de reis — reis de um reinado sem fronteiras e sem corroas, que refletia uma realidade crua e violenta. Uma sociedade onde a reação às injustiças vinha, muitas das vezes, através das armas, em meio à angústia, ao suor, ao sangue e às lágrimas dos inocentes, que se viam presos no fogo cruzado entre o banditismo e a repressão.
Virgulino Ferreira, o Lampião
Os sertões nordestinos, desprovidos da presença eficaz do Estado, viam esse mesmo Estado, que deveria ser protetor, se transformar em algoz, sobretudo para os que nada possuíam. Nesse cenário, dois nomes se tornaram ícones da resistência armada e da complexidade social do cangaço: Manoel Baptista de Moraes, conhecido como Antônio Silvino, e Virgulino Ferreira da Silva, o temido Lampião.
O dia 28 de julho, portanto, marca o fim dessas duas figuras emblemáticas do cangaço nordestino, ainda que em anos e circunstâncias distintas. Lampião encontrou seu fim em 28 de julho de 1938, há exatos 87 anos, na Grota de Angicos, na fazenda do mesmo nome, no município de Poço Redondo, em Sergipe, massacrado pelas forças policiais de Alagoas, junto com parte de seu bando. Já Antônio Silvino faleceu em 28 de julho de 1944, há 81 anos, por causas naturais, na rua Arrojado Lisboa, bairro do Monte Santo, em Campina Grande, Paraíba.
Prof. Julierme Wanderley(E) e o editor do blog, em Piranhas (AL)