Em meio à guerra que os EUA e a Europa desencadearam contra a Rússia na Ucrânia, a economia mundial inicia um processo irreversível de mudança no uso do Dólar como moeda padrão para os negócios entre estados e empresas. Todos os caminhos levam à China na adoção de uma outra moeda padrão.
O blog compartilha a seguir trechos de artigo do correspondente internacional Pepe Escobar para o site Brasil 247, sobre a corrosão da moeda norte-americana.
A desdolarização engata marcha alta
Pepe Escobar
Já é fato estabelecido que o status do dólar dos Estados Unidos como moeda de reserva global vem se corroendo. Quando a mídia empresarial ocidental começa a atacar seriamente a narrativa de desdolarização do mundo multipolar, percebe-se que o pânico tomou conta de Washington.
Os números: o dólar representava 73 por cento das reservas globais 2001, 55 por cento em 2021, e 47 por cento em in 2022. A principal conclusão é que, no ano passado, o dólar decaiu com rapidez dez vezes maior que a média das últimas duas décadas.
Hoje deixou de ser implausível projetar para fins de 2024 uma participação nas reservas globais de apenas 30 por cento para o dólar, coincidindo com as próximas eleições presidenciais norte-americanas.
O momento definidor – o verdadeiro gatilho que levou à queda do Hegêmona – foi fevereiro de 2022, quando 300 bilhões de dólares em reservas externas russas foram “congeladas” pelo Coletivo Ocidental, e todos os demais países do mundo começaram a temer por suas próprias reservas em dólares guardadas no exterior. Houve, entretanto, uma certa dose de alívio cômico nessa absurda manobra: a União Europeia “não consegue encontrar” a maior parte dessas reservas.
Pepe Escobar acrescenta que “para alguns desdobramentos atuais de primeiríssima importância no front do comércio internacional: mais de 70 por cento das transações comerciais entre Rússia e China agora usam ou o rublo ou o yuan, segundo o Ministro das Finanças russo Anton Siluanov.”
A Rússia e a Índia negociam petróleo em rúpias Há quatro semanas, o Banco Bocom BBM tornou-se o primeiro banco latino-americano a se tornar participante direto no Sistema Transfronteiras de Pagamentos Interbancários (CIPS – Cross-Border Interbank Payment System), que consiste na alternativa chinesa ao sistema SWIFT de mensagens, liderado pelo Ocidente.
Pepe Escobar é jornalista; seus escritos são veiculados em vários meios de comunicação da Ásia, África, América Latina e Europa.