“O TRIBUNAL DE NUREMBERG – OITO DÉCADAS DEPOIS”, de Everaldo Dantas da Nóbrega: uma leitura mais que necessária
por Jerdivan Nóbrega de Araújo
Everaldo Dantas da Nóbrega consolida-se como um escritor versátil. Ele transita com desenvoltura por diversos gêneros literários, revelando suas múltiplas habilidades, seja na poesia, na prosa, nas memórias ou na literatura jurídica. Seja qual for o campo que pretenda explorar, move-se com a maestria de quem domina a palavra.
Sua obra mais recente, “O Tribunal de Nuremberg – Oito Décadas Depois”, (editora Ideia. pp:. 173 -2025) é um trabalho libertador. O livro registra os principais fatos, condenações e reflexões sobre o julgamento que confrontou os crimes de guerra nazistas após a Segunda Guerra Mundial.
Lastreado em uma profunda pesquisa e reflexão, a obra oferece uma análise aprofundada e atualizada do processo histórico, destacando a importância da justiça internacional e a responsabilização dos poderosos perante a lei. A linguagem acessível permite que o texto dialogue com diferentes públicos, desde leitores curiosos até pesquisadores especializados, reafirmando o compromisso do autor com a memória, a história e a literatura.
A obra é enriquecida por contribuições de renomados juristas e intelectuais, incluindo o prefácio do jornalista e escritor Evandro da Nóbrega, a apresentação do juiz federal João Bosco Medeiros de Sousa, e textos de autoridades como o subprocurador da República Eitel Santiago e o desembargador Fred Coutinho.
Além de narrar minuciosamente os eventos do tribunal, o livro serve como um lembrete solene do impacto duradouro dos Julgamentos de Nuremberg, que estabeleceram o princípio fundamental de que até os líderes mais poderosos podem ser responsabilizados legalmente por seus atos.
Everaldo Nóbrega conduz o leitor a uma reflexão crítica sobre um tribunal que mudou o direito internacional ao julgar crimes contra a humanidade, reforçando a importância da justiça e dos direitos humanos em meio às tragédias da guerra.
O autor não apenas contextualiza historicamente o Tribunal de Nuremberg e os eventos da Segunda Guerra Mundial, como também descreve os detalhes dos julgamentos e dos crimes de guerra então analisados.
Estruturado de forma acadêmica e didática, o livro é mais uma valiosa contribuição de Nóbrega ao cenário jurídico e histórico brasileiro. A obra, que conta com prefácio, introdução, capítulos temáticos e um epílogo, desenvolve seus tópicos de maneira lógica e detalhada, facilitando a compreensão do leitor.
O livro é marcado por uma impactante iconografia com 60 fotografias, que colocam o leitor frente a frente com os rostos dos criminosos e dos julgadores, além dos locais onde foram praticadas as hediondas atrocidades nazistas.
Ao final, o autor oferece sua própria reflexão sobre os malefícios da guerra e clama por um mundo de paz:
“…Para tanto, far-se-ia necessário que as crianças e os jovens de hoje, do amanhã e de sempre, fossem educados pelos familiares e aprendessem — nas escolas, nos colégios, nas universidades e pela leitura — a se tornarem pessoas esclarecidas, portadoras de paz e de boa vontade…”
Um apelo utópico para um mundo por vezes distópico, mas que é sempre necessário renova-lo.
# Jerdivan Nóbrega é historiador.
