A BBC Brasil veiculou a seguinte notícia a partir das declarações do político de extrema direita, Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais: “A criação de uma frente política em defesa do “protagonismo” de Estados do Sul e do Sudeste, recém anunciada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem sido defendida por grupos que pregam uma separação definitiva entre Sul e Norte do Brasil”.

Essa palavra “protagonismo” surgiu depois da manchete claramente separatista do jornal Estadão, que  resolveu “passar pano” para o governador de Minas que considera o Nordeste uma “vaca que pouco produz” e que sua população sobrevive de benefícios sociais; ao contrário do Sul-Sudeste produtivo e moderno e trabalhador.

Ninguém entendeu errado ao que Zema falou. O Jornal Estadão e políticos de direita, inclusive da Paraíba, é que tentaram suavizar a declaração. Coube ao alcaide de João Pessoa referir-se ao governador como um fascista, traduzindo a abordagem correta sobre o político mineiro.

Esse governador de Minas não está sozinho na sua fala separatista porque logo em seguida o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite(PSDB) apareceu ratificando as declarações do  Zema, assim como a internet foi invadida por grupos de extrema direita endossando o coro separatista.

Esse político não pensa em unir o Brasil , ao contrário, busca aprofundar a apartação já existente, aposta no confronto entre os nacionais sob uma capa política fajuta.  Sem esquecer que o estado de Minas tem 126 municípios no semiárido, com abastecimento de água por carros-pipa e com políticas compensatórias.

Sul-Sudeste contra o Nordeste vai ser a pauta da sucessão, em 2026. E o Zema foi claro ao se dirigir aos eleitores de extrema direita, porque foi no Nordeste em que Lula tornou-se majoritário nas últimas eleições, como se o Lula também não tivesse sido eleito  em Minas e também muito bem votado no Sul-Sudeste.

Excluídos pela extrema direita do Sul-Sudeste o que vão fazer os grupos nazi-fascista-pentecostal em ascensão nas capitais e interior do Nordeste?

O Zema recorrentemente cita o líder fascista italiano Mussolini (1922/1945), já disse que a Inconfidência Mineira foi uma tentativa de golpe e já acusou o governo Lula de conivente  com o terror de 8 de janeiro, esquecendo que seu estado, Minas, se beneficia das políticas de incentivo da Sudene.

Vejam o caso do governador de São Paulo,  Tarcísio de Freitas, que tenta acabar com livros didáticos nas escolas, tentando burlar diretrizes do MEC. Algo como se tabletes substituíssem os livros. É política separatista inequívoca, travestida de modernidade tecnológica. Os casos serão cada vez mais visíveis.

O Brasil tem vários grupos separatistas que ganharam fôlego com as declarações dos governadores, sentimento que já se manifestou após eleições presidenciais em que o PT (partido de centro esquerda) venceu as eleições.

Ilustração de matéria da BBC Brasil

rO ódio ao Nordeste vem sendo cultivado, é fato.

Ataques ao pacto federativo tornaram-se recorrentes. O tenente Messias quando presidente, durante a pandemia da Covid-19  atacava governadores do Nordeste; coube ao STF dar ganho de causa aos governadores no combate à pandemia.

A própria Reforma Tributária, em tramitação no Congresso, viola a Constituição ao beneficiar estados do Sul, reduzindo a autonomia dos estados pequenos e pobres que ficarão sem poder algum no Conselho Federativo na hora de decidir sobre políticas econômicas e tributárias.

“Imaginem o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente”, improviso musical de Bráulio Tavares e Ivanildo Vila Nova (1984) na voz de Elba Ramalho foi censurado pela Ditadura Militar, certamente porque o grito separatista partia de cantores populares nordestinos e expressava um sentimento reprimido que também pode aflorar.

Imagens BBC Brasil

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