Em 5 de junho de 1930, o povoado de Água Branca, na Paraíba, foi palco de um dos episódios mais sangrentos da Revolta de Princesa, um movimento que desafiou o governo de João Pessoa e marcou a história do sertão. A Emboscada de Água Branca, narrada no livro A Odisseia de José Américo de Almeida na Revolta de Princesa (Araújo Neto, 2025), revelou a força dos revoltosos e a fragilidade das forças estaduais, com consequências trágicas, incluindo as mortes do tenente Francisco Genésio e do misterioso Feiticeiro.
Sob o comando do tenente Francisco Genésio, um contingente de 220 homens partiu do Quartel General da Polícia Militar na capital paraibana, transportado em 12 caminhões carregados de munição. A missão era clara: atacar Princesa, capturar o líder rebelde José Pereira Lima e esmagar o “Território Livre de Princesa”.
Confiantes, as tropas contavam com a proteção mística do Feiticeiro, uma figura lendária que benzia os soldados, prometendo imunidade às balas e a vitória certa.
Ao chegarem a Água Branca, os revoltosos, liderados por João Paulino e Luiz do Triângulo, executaram uma emboscada fulminante. Aproveitando o terreno sertanejo, abriram fogo contra o comboio, destruindo os caminhões e dizimando as forças do governo. As baixas foram devastadoras: mais de 100 mortos e 40 feridos, segundo relatos históricos. O tenente Francisco Genésio, comandante da operação, foi morto no confronto, simbolizando o fracasso da investida estatal.
A Queda do Feiticeiro: O Feiticeiro, que acompanhava o comboio benzendo a estrada e prometendo proteção, foi o primeiro a cair, atingido por um tiro na testa. Sua morte, descrita como trágica no livro (pp. 185-187), desmoralizou as tropas e virou notícia nos jornais da época, como A União.
Governo conta com apoio de feiticeiro
A queda do Feiticeiro, que misturava misticismo e cangaço, marcou o colapso da confiança do governo em estratégias improvisadas.
Triunfo dos Revoltosos: O sucesso da emboscada consolidou a liderança de João Paulino, promovido a capitão, e Luiz do Triângulo, elevado a major (p. 270)
A Emboscada de Água Branca não é apenas uma página de violência, mas um reflexo das tensões políticas e sociais que moldaram a Paraíba na Primeira República. As mortes de Genésio e do Feiticeiro simbolizam o choque entre a modernização estatal e a resistência sertaneja. Vamos manter viva essa história, debatendo e aprendendo com o passado!