A diplomacia brasileira saiu “de cima do muro” em relação à guerra por procuração na Ucrânia entre os Estados Unidos e a OTAN contra a Rússia ao assinar uma resolução da ONU que pede a retirada das tropas russas do território ucraniano de forma incondicional, destoando da posição do bloco dos Brics, que o país também faz parte.
Resoluções da ONU em casos assim são inócuas, uma vez que a Rússia tem poder de veto, mas apontam para alinhamento do Brasil com países integrantes da OTAN e com os EUA.
O Brasil já sofre sanções por parte da Alemanha, que não obteve do Brasil o compromisso de enviar armas para o exército ucraniano; em retaliação, os alemães proibiram o Brasil de exportar unidades do blindado o Guarani – que contém peças alemãs – para as forças armadas das Filipinas.
Recentemente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na Casa Branca, onde se reuniu com o presidente dos EUA, e analistas apontam que a mudança na postura da diplomacia brasileira que sempre adotou neutralidade em relação a conflitos, agora tomou partido favorável à Ucrânia, resultou de forte pressão.
O governo do presidente Lula segue no fio da navalha, pois sobreviveu a uma tentativa de golpe de estado, em 8 de janeiro, e busca apoio dos EUA contra novas tentativas de golpes por parte do exército e da extrema direita brasileira, muito ligada aos extremistas de direita dos EUA.
China recorda golpe de estado conta Dilma
O presidente Lula chegou a sugerir a China como mediadora para o conflito, uma proposta fortemente rejeitada pelos países da OTAN e os EUA. Recentemente, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, publicou em sua conta no Twitter, uma lista com todas as intervenções dos Estados Unidos no mundo desde a II Segunda Guerra Mundial até o ano de 2020, informou o site Bastidores.
Zhao Lijian, porta-voz da China apontou ingerência dos EUA
Na publicação, o vice-diretor-geral do Departamento de Informação do governo chinês incluiu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, como sendo fruto de intervenção americana.
“A História não se esquece”, escreveu ao listar interferência dos Estados Unidos para a instauração de ditaduras ao longos dos anos de 1960, 1970 e 1980 na América Latina; em 2009, no golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya em Honduras; e na tentativa de golpe contra Nicolás Maduro, em 2019, na Venezuela.
O governo chinês é aliado da Rússia e se absteve na votação da proposta de resolução apresentada pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU, na última sexta-feira, 25.
A China também está entre os poucos países que não condenaram a ação do aliado contra a Ucrânia.
É a primeira vez que alguém ligado à inteligência de outro país identifica suposta interferência americana no impeachment da ex-presidente Dilma, informou o site Bastidores.
Com informações dos sites: Revista Fórum, Bastidores
Imagens: Agência Brasil, Bastidores